No país tropical, abençoado por Deus, a energia limpa fotovoltaica ganha espaço

Quando tanto se fala em sustentabilidade e proteção ambiental, a energia fotovoltaica precisa ganhar força no agronegócio, ao lado dos bioinsumos, alternativas biodegradáveis aos fertilizantes químicos.

por Cesar da Luz

Proporcionando amplos benefícios econômicos e ambientais, numa verdadeira somatória de sustentabilidade e viabilidade econômica, a geração de energia fotovoltaica segue avançando pelo Brasil, um País tropical cuja exposição solar acaba favorecendo essa matriz energética, que hoje já representa cerca de 15% de toda a energia instalada no Brasil. No cenário atual, a capacidade instalada de energia solar no Brasil já atingiu a marca de 33 gigawatts, nada fora do esperado, com essa fonte de energia renovável estando atrás apenas da energia hídrica.

Aliás, em breve o Brasil, em razão de sua localização geográfica no “mapa mundi”, ultrapassará em projetos fotovoltaicos os países que já tinham ido em busca dessa nova fonte de energia, com destaque para a Espanha, Alemanha e a França, todos com menor exposição solar e com extensão territorial infinitamente menor se comparada a do território brasileiro. E dentro do continente europeu, afetado diretamente por conflitos bélicos como a Guerra na Ucrânia, a necessidade de novas matrizes energéticas é ainda maior, pelo desabastecimento do gás oriundo da Rússia.

Se olharmos para ano que está começando, 2024, a previsão é de que o Brasil tenha quase um milhão de sistemas de energia solar conectados à rede instalados, gerando também maior economia em relação às distribuidoras convencionais, o que já credenciará o nosso País como uma verdadeira potência no mercado de energia fotovoltaica. A grande questão passa a ser a necessidade de se pulverizar essa fonte de energia em vários segmentos, além do ambiente que representa até agora quase 80% dos sistemas instalados, a área residencial. É o caso, por exemplo, do meio rural, que não chega a ter 10% do percentual instalado de energia fotovoltaica.

Se de um lado ainda não há maior aproveitamento dessa matriz energética no campo, isso permite projetar um grande avanço do sistema nas propriedades rurais e nos complexos agroindustriais instalados próximos, ou diretamente relacionados às cadeias do agronegócio, em que pese o fato de que essa fonte de energia limpa vai ao encontro dos conceitos da Política ESG, tanto apregoada também no ambiente rural, para produção de proteínas animal e vegetal. Sem contar que o sistema fotovoltaico pode ser instalado em áreas remotas, justamente de difícil acesso à energia elétrica, provendo essas áreas distantes de uma fonte energética com mínima necessidade de manutenção e de baixo custo.

Sabe-se que os sistemas fotovoltaicos de GD estão majoritariamente instalados nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste do Brasil, mas quando tanto se fala em sustentabilidade e proteção ambiental, a energia fotovoltaica precisa ganhar força no agronegócio, ao lado dos bioinsumos, alternativas biodegradáveis aos fertilizantes químicos, que já estão ganhando espaços em praticamente todas as principais fronteiras agrícolas do Brasil, com destaque para a região Centro-Oeste, onde estão as maiores áreas cultivadas com grãos, assim como os grandes complexos agroindustriais, como as esmagadoras de soja e as usinas de etanol de milho e de cana-de-açúcar, além das imensas estruturas para armazenagem.

Quando projetamos qualquer avanço dos sistemas fotovoltaicos, é importante observar que de acordo com o Ministério de Minas e Energia, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do atual governo deverá destinar R$ 73,1 bilhões de investimentos para projetos de geração de energia, sendo R$ 64,8 bilhões para as fontes renováveis de energia. Nesse contexto, vale ressaltar que as usinas de energia fotovoltaica responderão por 8,5 Gigawatts, ou seja, por mais da metade da geração de energia prevista pelo novo PAC, e que o valor de investimento previsto para essa modalidade chega a R$ 41,5 bilhões. Portanto, recursos para expandir o sistema de energia fotovoltaica no Brasil não faltarão, basta haver projetos bem elaborados e que contemplem as necessidades de quem atua no agronegócio, como os grupos de produtores organizados, ou aqueles que atuam isoladamente, mas que tanto necessitam de uma fonte de energia limpa e renovável, como é a geração fotovoltaica.

Neste País abençoado por Deus e rico (de exposição solar) por natureza, o Sol está fazendo a parte dele, faltam as empresas do setor fazerem a delas, ao olharem com mais atenção aos demais setores da economia, caso do agronegócio brasileiro, e ofertarem esse sistema de energia limpa com mais frequência, pois enquanto se fala em sustentabilidade e proteção ambiental, é preciso focar na geração de energia, que é a base do crescimento econômico de qualquer nação.

fonte: O Presente Rural